quarta-feira, 24 de março de 2010

O Povo Brasileiro - 2º Ano.

Para todos os 2ºs anos do Alfredo Cardoso, João Guidotti e Mello Ayres
Segue abaixo o Resumo que foi elaborado para trabalhar em sala com vocês.
É um resumo do texto encontrado no site:
O POVO BRASILEIRO (Resumo)

Ao longo da costa brasileira se defrontaram duas visões de mundo completamente opostas: a selvageria e a civilização. Concepções diferentes de mundo, da vida, da morte, do amor, se chocaram cruamente. Aos olhos dos europeus os indígenas pareciam belos seres inocentes, que não tinham noção do "pecado". Mas com um grande defeito: eram "vadios", não produziam nada que pudesse ter valor comercial. Serviam apenas para ser vendidos como escravos. Com a descoberta de que as matas estavam cheias de pau-brasil, o interesse mudou... Era preciso mão-de-obra para retirar a madeira.
A porta de entrada do branco na cultura indígena foi o "cunhadismo".
No ventre das mulheres indígenas começavam a surgir seres que não eram indígenas, meninas prenhadas pelos homens brancos – e meninos que sabiam que não eram índios... que não eram europeus. O europeu não aceitava como igual. O que era ? Era uma gente "ninguém ", era uma gente vazia. O que significavam eles do ponto de vista étnico ? Eles seriam a matéria com a qual se faria no futuro os brasileiros... No momento ficaram conhecidos como mamelucos.
"A expansão do domínio português terra adentro, na constituição do Brasil, é obra dos mamelucos...”
Em dez mil anos os índios aprenderam a viver na floresta tropical, identificaram 64 tipos de árvores frutíferas, domesticaram muitas plantas, essas que a gente usa: mandioca, milho, amendoim....
Há duas contribuições fundamentais nesse encontro: uma mestiçagem do corpo e uma mestiçagem da cultura. Os índios não tinham cárie dentária, nem gripe, nem tuberculose... Cada enfermidade dessas era uma espécie de guerra biológica, matou índios em quantidade...
Estima-se que eram cerca de 5 milhões de índios em 1500 e hoje menos que 270.000. Em 1500 existiam cerca de oitocentas etnias. Eram povos de diferentes culturas, que ocupavam vastos territórios de características geográficas distintas.
Era uma sociedade que, por ser mais pobre, era também mais igualitária.
Em suas andanças, os paulistas foram aumentando o tamanho do Brasil. Na esperança de encontrar minérios, eles buscavam no fundo das matas a única mercadoria que estava ao seu alcance: os indígenas. As bandeiras partiam de São Paulo levando mais de duas mil pessoas. Eram homens e mulheres, famílias inteiras de mestiços que iam fazendo roça de milho e feijão pelo caminho, fundando vilarejos, caçando e pescando pra comer.
"Minas foi o nó que atou o Brasil e fez dele uma coisa só." (Trecho do livro O Povo Brasileiro)
No final do século XVII, a descoberta de ouro pelos paulistas nas terras do interior mudou os rumos do Brasil Colônia. Em menos de dez anos, chegaram à região das Minas mais de 30 mil pessoas, vindas de todo o país. Atraídos pelo ouro, muitos acabaram se fixando no cruzamento das rotas de comércio e estabeleceram as primeiras povoações. Desse modo abriram caminho para a ocupação do interior do país.
O país prosperava graças ao trabalho escravo de três milhões de negros na busca do ouro e nos engenhos. O açúcar, no entanto, começava a sofrer concorrência das Antilhas.
A grande contribuição da cultura portuguesa aqui foi fazer o engenho de açúcar... movido por mão-de-obra escrava. Por isso, começaram a trazer milhões de escravos da África. O negócio maior do mercado mundial era a venda de açúcar para adoçar a boca do europeu e depois a remessa de ouro. Mas a despesa maior era comprar escravos. Os europeus sacanas iam à África e faziam grandes expedições de caça de negros que viviam ali uma vida como a dos índios aqui, com sua cultura, com sua língua, com seu modo... Metade morria na travessia, na brutalidade da chegada, de tristeza, mas milhões deles incorporaram-se ao Brasil.
E esses negros não podiam falar um com o outro, veja esse desafio como é tremendo. Eles vinham de povos diferentes. Então, o único modo de um negro falar com o outro era aprender a língua do capataz, que nunca quis ensinar português. Milagrosamente, genialmente esses negros aprenderam a falar português. Quem difundiu o português foi o negro, que se concentrou na área da costa de produção do açúcar e na área do ouro... Mas preste atenção: com os negros escravos vinham as molecas de 12 anos, bonitinhas. Uma moleca daquelas custava o preço de dois ou três escravos de trabalho. E os donos de escravos queriam muito comprar, e os capatazes também. Comprar uma moleca pra sacanagem. Mas essas molecas pariam filhos, e quem era o filho? Era como o filho da índia. Ele não era africano, visivelmente. Ele não era índio. Quem era ele ? Ele também era um "zé ninguém" procurando saber o que era. Ele só encontraria uma identidade no dia em que se definisse o que é o brasileiro.
A riqueza com que as igrejas foram construídas no período do ouro deixa transparecer a importância da religião católica na vida da colônia. Todos iam à missa: brancos, negros libertos, mulatos e escravos. Mas cada um freqüentava sua própria igreja, decorada a seu modo. Nos detalhes da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, o catolicismo é temperado com os símbolos religiosos africanos.
A mineração de ouro e diamante alterou profundamente o aspecto rural e desarticulado do país. Até então, os brasileiros viviam isolados uns dos outros devido às grandes distâncias. Mas a rede de intercâmbio comercial que começava a se formar entre as capitanias daria uma bela base econômica à unidade nacional. O sertão nordestino, que vivia da criação de gado, fornecia a carne e o couro. A sede do governo foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro, devido à proximidade das Minas. E o Rio Grande do Sul acabou sendo incorporado ao país através do comércio de mulas.
Tiradentes foi esse herói nacional fantástico, um homem sábio, engenheiro que fez o serviço de águas do Rio de Janeiro, que fez o planejamento dos portos do Rio... e que conspirou na Europa, em Portugal e conspirou com os norte-americanos também. Era um intelectual que lia, conhecia a constituição americana e queria fazer uma república. Era respeitado pelos magistrados, pelos coronéis militares, pelos poetas, por aquele grupo atípico de Minas que quis criar uma República Brasileira, criar um Brasil e criar brasileiros, dando dignidade. Mas os portugueses abafaram isto tão bem que continuou soterrada a idéia de liberdade e de autonomia do Brasil...
São Paulo. A terceira cidade do mundo. Uma megalópole com doze milhões de habitantes. Esta cidade, fundada em 1554 é hoje o espelho do Brasil. Olhando com atenção seus bairros e sua gente é possível perceber todas as contradições do país. As grandes capitais são o retrato do crescimento desordenado das cidades brasileiras no século XX. Para se ter uma idéia, entre 1920 e 1960 a população urbana cresceu dez vezes.
Aqui nenhuma terra foi reservada para o povo que ia formando o Brasil. Nos Estados Unidos as pessoas iam para o Oeste (o que corresponderia no Brasil a Goiás, Mato Grosso). Elas iam porque sabiam que se construíssem uma casa, fizessem uma roça ganhavam o direito de demarcar uma fazenda de 30 hectares. Aqui isto nunca deu certo porque um pequeno grupo monopolizou a terra, obrigou o povo a sair das fazendas. Eles não dividiam e sim expulsavam. Não é que eles usem a terra. Eles não usam dez por cento da terra que existe, mas expulsaram. E essa gente que foi expulsa vem viver uma vida miserável na cidade.
Em 1850 as regras de acesso à propriedade rural mudaram. A simples ocupação e cultivo já não bastavam para garantir a posse. O registro obrigatório acaba expulsando da terra os menos favorecidos.
Em 1808, D. Joao VI largou aquela Portugal e veio para cá, abriu os portos e começou a organizar o país. Trouxe 18 mil pessoas. Essa trasladação trouxe pra cá toda uma classe dominante já feita, muitos deles com cursos universitários em Coimbra. É essa gente que organiza o país.
O Brasil só se tornou uma nação com a abolição da escravatura, que concedeu aos negros, ao menos no papel, a igualdade civil. Emancipados mas sem a terra que cultivaram por quase quatro séculos, os ex-escravos abandonaram as fazendas e logo descobriram que não podiam ficar em nenhum lugar. A terra tinha dono. Saindo de uma fazenda caíam em outra, de onde eram, também, fatalmente expulsos. Houve quem tivesse melhor sorte. É o caso de uma comunidade negra situada no litoral fluminense.
Hoje estas terras se valorizaram e a família, ameaçada de perder tudo, tenta provar que tem direito de permanecer onde nasceu. "Eu sempre falo isso: que se desse um lote aqui, de graça, para uma pessoa que morava na cidade, ela não aceitaria porque é um lugar difícil. Como é que o cara que nunca fez uma horta no lugar, nunca plantou sequer um pé de flor vai colocar três juizes porque ele é dono daquela terra? A escritura é muito fácil fazer... Essa terra é terra hereditária, terra que vem de lá de trás do tempo da escravidão." (Depoimento do Sr. Valentim)
A maior parte dos escravos concentrou-se na periferia das cidades, nos bairros africanos. Ali eles criaram uma cultura própria, feita de retalhos do que o povo africano guardou nos longos anos da escravidão.
O negro guardou sobretudo sua espiritualidade, sua religiosidade, seu sentido musical. É nessas áreas que ele dá grandes contribuições e ajuda o brasileiro a ser um povo singular. Quando chegam na cidade são capazes de fazer coisas, por exemplo, a cultura do Rio de Janeiro, a beleza do Carnaval carioca, que é uma criação negra, a maior festa da Terra!
No final do século XIX, a crise de desemprego que ocorreu na Europa trouxe para o Brasil sete milhões de imigrantes. Eles vinham para trabalhar nas plantações de café, o principal produto de exportação da época. Acabaram ocupando o lugar dos mestiços e escravos libertos, como mão-de-obra assalariada. Os europeus se fixaram principalmente em São Paulo e no sul do país, onde renovaram a vida local e promoveram o primeiro surto de industrialização do país.
Esse país já feito num certo momento recebe uma invasão branca... Veja a diferença. Os que foram para a Argentina caíram em cima do povo argentino, paraguaio e uruguaio que haviam feito seus países, que eram oitocentos mil, e disso saiu um povo europeizado. Aqui não, essa quantidade de gringos caiu em cima de quatorze milhões de brasileiros. Então foram absorvidos por nós. Encontraram um país feito, com um século de história, com cidades importantes. Deram, é claro, uma grande contribuição e continuam dando, mas muitos deles não conhecem nada e acham que deram o automóvel. Essa influência das matrizes índias, negras e européias foi descrita algumas vezes como uma democracia racial. Aqui não há nenhuma democracia racial.
"A distância social mais espantosa do Brasil é a que separa e opõe os pobres aos ricos. A ela se soma a discriminação que pesa sobre índios, mulatos e negros. " (O Povo Brasileiro)
Nos anos 90, a separação entre classes ricas e pobres é quase tão grande quanto as que existem entre povos diferentes. E o Brasil destaca-se no mundo por sua péssima distribuição de renda.
É muito duro para um negro fazer carreira no Brasil. Eles são a parcela maior da camada mais pobre que tá lá, no fundo do fundo, e é a camada onde pesa mais o analfabetismo, a criminalidade, a enfermidade.
Os brasileiros se sabem, se sentem e se comportam como uma só gente, pertencente a uma mesma etnia. Essa unidade não significa porém nenhuma uniformidade. O homem se adaptou ao meio ambiente e criou modos de vida diferentes. A urbanização contribuiu para uniformizar os brasileiros, sem eliminar suas diferenças. Fala-se em todo o país uma mesma língua, só diferenciada por sotaques regionais. Mais do que uma simples etnia, o Brasil é um povo nação, assentado num território próprio para nele viver seu destino.
COM A PALAVRA, O BRASILEIRO ... José Silva / José Rafael / Francisca / Francisco / Mara Anastácia
José Silva: "Ser brasileiro é ser artista." José Rafael: "Vamos aí, na batalha." Francisca: "Não dá nem pra rir, né ?" Francisco: "Brasileiro gosta de ter fé." Mara Anastácia: "É um pouquinho de sonho, né ?"
Mas foi essa gente nossa, feita da carne de índios, alma de índios, de negros, de mulatos, que fundou esse país. Esse "paisão" formidável. Invejável. A maior faixa de terra fértil do mundo, bombardeada pelo sol, pela energia do sol. É uma área imensa, preparada para lavouras imensas, produtoras de tudo, principalmente de energia. A Amazônia devia ser um país, porque é tão diferente. O nordeste, até a Bahia... outro país que é diferente. A Paulistânia e as Minas Gerais juntas são outra gente... O sul, outra gente... Esse povão que está por aí pronto pra se assumir como um povo em si e como um povo diferente, como um gênero humano novo dentro da Terra. É claro que eu tinha de fazer um livro sobre o Brasil que refletisse de certa forma isso. E vivi fazendo pesquisa, e vivi muito com negros, brasileiros, pioneiros de todo o lugar do Brasil. E li tudo que se falou do Brasil.
Boa Leitura a todos!
Perguntas:
1 - Exlique a frase do texto: "Há duas contribuições fundamentais nesse encontro: uma mestiçagem do corpo e uma mestiçagem da cultura."
2 - Com o auxílio da aula e do texto explique o trecho da música de Gabriel, O Pensador que diz:> "O Brasil aboliu a escravidão, mas o negro da senzala foi direto pra favela/ Virou um homem livre e foi pra prisão / E a tal da liberdade não entrou la na cela."
3 - Qual a diferença entre a política de distribuição de terras no Brasil e nos EUA citadas no texto?
4 - Por que olhando São Paulo (os bairros, as pessoas, etc.), vê-se as contradições e diversidades existentes no Brasil?

3 comentários:

  1. Professor n entendi a questão 4....poderia me explikar???

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  2. nossa num tem um resumo ke tivesse cara de resumo isso t mais pa livro

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  3. pqp hein, colou o livro ai invez de fazer um resumo .. OMG

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